Páginas

31 julho 2012

Mas enquanto eu não posso, vou imaginando...



"Como a beleza de Yolanda combina com prateleiras ao fundo, penso que ela trabalha como caixa nos supermercados. Dá-me uma súbita vontade de ir com ela, ver como vive, que música toca na casa dela, que tipo de comida, que cheiros exalam daquela culinária. Ás vezes me dá isso. Vontade de ser por um momento o outro. Só para experimentar a aventura de ver as coisas de outro lugar, sob o signo de outras culturas. Ora, se a imaginação me garante esta possibilidade de viajar na história que suponho, inspirada no que vejo, não vou ser boba de perder essa oportunidade” (Parem de falar mal da rotina – Elisa Lucinda)
Assim como Elisa me pego imaginando a vida de outras pessoas todo o tempo. Nas filas, nas fotografias, nas ruas, no ônibus e até de dentro dos automóveis me pego olhando para as pessoas que estão a minha volta. Consigo também olhar um lugar, conhecer uma realidade e "morrer" de vontade de ver o cotidiano de determinada pessoa. Ah! A curiosidade.
A minha curiosidade é tanta que numa primeira imaginação por exemplo proponho inúmeras possibilidades para vida de alguém. E naquele instante fico satisfeita. Depois de um intervalo de sete dias, onde já imaginei a vida de outras pessoas, volto a imaginar pela segunda vez a vida daquela primeira pessoa, pois as minhas suposições não me bastam mais. Há vezes que fico até preocupada... Explicarei melhor: Todos nós sabemos ou deveríamos saber as dificuldades de morar em uma favela, por exemplo, mas eu acredito que existam particularidades de residir lá. E estas só quem  mora pode saber... E eu fico curiosa para saber também como é viver essas dificuldades e me preocupo. Não paro de pensar como a pessoa lida com isso, como é o emocional dela, será que ela tem alguém para conversar?A família dela como será?
Penso que gostaria de passar uma semana acompanhando cada um dos meus personagens, pelos quais eu vou me interessando pelas ruas, nos jornais e nas fotografias. Aquela criança que parecia triste, a mulher com o rosto cansado, o índio, uma família honesta moradora de uma favela carioca, uma família que mora em uma daquelas casinhas que quando viajamos vemos no meio do nada, uma pessoa que sofre preconceito, uma jovem mãe, uma família sem luz elétrica, uma adolescente de família tradicional indiana, uma mulher ou homem que chamamos “do lar” e tantos outros.
E pensando bem e acho absurdo não termos interesse ou curiosidade por realidades diferentes, além de aprendermos com elas devemos nos importar com as dificuldades das pessoas que as vezes não é nem um terço da nossa, dar valor aquela pessoa que é muito mais forte do que nós achávamos que éramos. Se eu vivesse a vida dessas pessoas nem que por um dia eu ia ser alguém melhor e teria tantas perguntas de como ela se sente diante da vida... Mas no fim eu poderia dizer: Te entendo.
Mas enquanto eu não posso, vou imaginando e me perguntando. Porque assim como diz a Elisa Lucinda: não vou ser boba de perder essa oportunidade!

Um comentário:

Profa. Lúcia Deborah disse...

Toda a energia de uma mente jovem serpenteia em palavras bem arranjadas, expressando curiosidade, vontade, poder, querer. Vá em frente, Duda. Nós agradecemos. Beijos, Lucia Deborah