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05 junho 2009

Debutando no conselho de classe.


Na última segunda-feira, dia 25 de maio, aconteceu no Colégio Pedro II - Unidade Tijuca -, o COC (conselho de classe) do primeiro ano do ensino médio. Como eu sou uma das representantes da minha turma, fui “convidada” a participar da tal reunião. A informação que nós, representantes recebemos dizia que o COC estava marcado para às 13:00 horas em ponto.
Foi apenas a primeira vez que me candidatei à representante de turma, apesar de ter nascido com a péssima mania de tomar frente de tudo, querer mandar em todos e adorar um problema para resolver. Mas me candidatei por pressão de vários colegas de classe, que inclusive, tenho certeza que não gostariam de estar no meu lugar nessa bendita segunda-feira.
O nome já diz: representante! Eu precisava representar minha turma, levar a opinião da maioria ou até mesmo de todos a esse conselho de classe que “prometia”. Às 12:30 hs, eu sai de casa. Sabia que todos meu amigos estavam em casa relaxando, mas eu estava uniformizada dentro do meu querido 422 indo para uma reunião na escola com professores e funcionários, eu me sentia animada e muito curiosa.
A palavra conselho de classe pode mexer com o emocional de um aluno que ao ouví-la pode sentir a imaginação borbulhar: “Vão falar das minhas notas”, “Ptz... vão comentar meu comportamento impossível”, “Será que vão me dar àqueles décimos?”, “Aposto que tal professor vai me defender”. Mas na verdade a grande maioria nunca soube o que ocorre exatamente nesse tal de COC.
Ao chegar no colégio pontualmente ás 13h encontrei os demais representantes que já aguardavam impacientes. Entretanto, a impaciência deles só fez aumentar e a minha surgiu ao se passarem 15 minutos da minha chegada. Enfim, a reunião marcada para às 13:00h, só começou às 14:20h. [Pelos alunos eu faço um breve comentário: nós temos que ser extremamente pontuais com relação ao horário das aulas aconteça o que acontecer. Caso contrário receberemos ATRASADO em nossas cadernetas acompanhado da dica do inspetor: “Saia com mais antecedência de casa”. Mas provar de suas regras não é o forte do meu colégio.]
Atrasos à parte, o conselho começou relativamente tranqüilo apesar da organização dos lugares me assustarem.Com o passar dos minutos eu já sabia com que comparar a situação em que eu me encontrava. Estava me sentindo em um tribunal o qual eu já sabia que por mais que estivesse certa nunca receberia a razão completa e o final também era previsível: CONDENADA.
Não foi muito diferente.Um de meus professores logo no início da minha fala concordou com a descrição que dei da minha turma: um bom comportamento, mas se dispersa muito fácil. Um único ponto pra mim!
Com o passar do tempo, o assunto que eu mais temia foi trago a tona: o requerimento de matemática.Vou resumir esse episódio: Nas últimas aulas de matemática antes da prova, nós alunos da turma 2104 vimos que não tínhamos condições de realizar a mesma. Então na última aula eu e mais algumas alunas pedimos para a professora tirar algumas dúvidas, mas não obtivemos uma resposta positiva. A professora disse: “Não temos tempo para tirar dúvidas, estou tentando terminar de dar a matéria que está na prova de vocês e que vai acontecer daqui a poucos dias”.
Procuramos então o coordenador de série que coincidentemente é o coordenador de matemática para pedir ajuda, afinal estávamos muito nervosos.Ele pediu calma e mandou que esperássemos a prova e as notas. Ainda acrescentou que nossa prova não estaria nada difícil.
Após terminar a prova desci, chorando para o pátio e tudo que vi pelo caminho e foram olhos cheios d’água e lágrimas suicidas. As questões da prova tinham um outro estilo e nível de dificuldade, bem diferente dos exercícios dados em aula.Uma semana depois recebemos as notas que. com exceção de uma aluna. ficaram entre 0 e 5. Havíamos atendido o pedido do nosso coordenador, mas o pedido de calma foi em vão. Afinal, estamos em apoio. Até que uma luz veio em nossa direção, recorremos a nossa orientadora pedagógica, que solicitou a explicação da situação, desde os problemas primários (desorganização do quadro negro, impaciência e velocidade inacreditável em que a matéria foi jogada) até o ultimo pedido de socorro ao coordenador. Depois de nos ouvir a orientadora pediu que voltássemos mais tarde. Quando voltamos, ela então nos apresentou a possibilidade de fazermos um requerimento explicando tudo e reivindicando uma solução (uma outra prova, aulas de reposição para que a professora ensinasse a matéria com mais calma ou até mesmo um trabalho para compor nossas médias). Eu e aproximadamente quinze alunos elaboramos o requerimento. Ainda consultamos os outros alunos sobre o teor do requerimento, pois seria assinado em nome da turma. Desta forma, foi encaminhado no mesmo dia para a direção da Unidade.
Voltando ao COC... Após o surgimento desse assunto eu me senti muito nervosa e irritada. Não é difícil imaginar o humor da nossa professora. E para ficar pior todos os professores ali presentes se juntaram a ela e fizeram críticas aos requerimentos feitos por duas turmas, pelo mesmo motivo. Na opinião deles nosso ato banalizou o requerimento. Que nós alunos deveríamos primeiro conversar com o professor e explorar outros canais antes de ir à Direção. Compreendo que deve ser horrível ser chamada atenção no trabalho, mas horrível ainda é ser chamada atenção pela diretora.
Já estávamos nos sentindo ligeiramente constrangidos ao ouvir professores falando isso de uma forma não muito delicada. Mas eu não podia vestir uma carapuça que não entrava na minha cabeça, pedi então a palavra: “no caso da minha turma não acho que colaboramos para a banalização do requerimento. Afinal, tínhamos explorado quase todos os canais. Faltou conversar com a própria professora, mas só pulamos essa etapa por um único motivo: receio. Afinal ela não havia atendido o nosso pedido em sala de aula. Não a conhecemos direito e não sabíamos como ela iria reagir a uma crítica. Mas por todos outros os caminhos percorremos sem receber resultado [expliquei toda a história e como chegamos ao requerimento].Como eu já esperava não houve uma pessoa que tivesse me dado total razão, inclusive acho que até agora ninguém entendeu que eu não fui “chorar para a diretora” de primeira.Tentamos todos canais respeitando inclusive a hierarquia, mas ninguém quis/conseguiu nos ajudar.
Ao final da parte em que os representantes participam, nos retiramos do SESOP e o querido professor Marcio, de geografia veio conversar conosco e a primeira frase que eu disse a ele foi: Não venho mais a conselhos de classe. Então ele falou da importância dos alunos terem essa participação no COC e complementou dizendo que ao nos criticarem por dar entrada no requerimento estavam fazendo uma crítica não a nós, mas sim a quem nos orienta a tomar tal decisão. Confesso, que fiquei bastante aliviada.
Pude então concluir algumas coisas após essa experiência inédita: Não vamos conseguir absolutamente nada para nos ajudar no caso de matemática. Pois ninguém ali realmente crê na palavra dos alunos, que não me adianta contar como é o comportamento dos professores na sala porque esse mesmo professor vai até lá e conta a versão dele. E na maioria das vezes, os colégios não têm porque acreditar plenamente em um aluno, principalmente quando a versão de um professor se diverge. Alunos são exagerados, e sempre tentam procurar um culpado pelas notas baixas. Mas o erro está em generalizar os casos e não ver o que é realmente justo. Percebi também que os representantes tiveram mais respeito e delicadeza nas palavras que foram dirigidas a todos os professores que permaneciam ali do que as palavras que foram dirigidas a nós. Apesar da experiência ter sido pior do que eu esperava, valeu a pena!

3 comentários:

Lu Chagas disse...

Filha,
Ficou 10 seu texto. Todas as experiências valem a pena, desde que a gente aprenda com elas. E pelo visto, você aprendeu!
Amo você!
Beijos
Mamãe

Cris Almeida disse...

No meu tempo já era assim, Maria! Não tem muito jeito não. Mas como você nunca fui de deixar pra lá. Sempre tentava. Pelo menos fazia a minha parte e seguia o que eu acreditava ser certo. Na verdade, não preciso escrever no passado não. Afinal, continuo tentando até hoje. Esse tipo de coisa não acaba com o colégio não, infelizmente. Na faculdade tem, no trablho tem...na vida tem! Se prepare!! hehehehe
Beijo.

Unknown disse...

Sinto orgulho de ver que vc está madura para encarar as dificuldades da vida.Nada é fácil o que torna as coisas + "vivas" para se tratar.
Parabéns!!!!!!!!!!
Te Amo!
Papi