"Como a beleza de Yolanda
combina com prateleiras ao fundo, penso que ela trabalha como caixa nos
supermercados. Dá-me uma súbita vontade de ir com ela, ver como vive, que
música toca na casa dela, que tipo de comida, que cheiros exalam daquela
culinária. Ás vezes me dá isso. Vontade de ser por um momento o outro. Só para
experimentar a aventura de ver as coisas de outro lugar, sob o signo de outras
culturas. Ora, se a imaginação me garante esta possibilidade de viajar na
história que suponho, inspirada no que vejo, não vou ser boba de perder essa
oportunidade” (Parem de falar mal da rotina – Elisa Lucinda)
Assim como Elisa me pego imaginando a vida de
outras pessoas todo o tempo. Nas filas, nas fotografias, nas ruas, no ônibus e
até de dentro dos automóveis me pego olhando para as pessoas que estão a minha
volta. Consigo também olhar um lugar, conhecer uma realidade e "morrer"
de vontade de ver o cotidiano de determinada pessoa. Ah! A curiosidade.
A minha curiosidade é tanta que numa primeira imaginação
por exemplo proponho inúmeras possibilidades para vida de alguém. E naquele
instante fico satisfeita. Depois de um intervalo de sete dias, onde já imaginei
a vida de outras pessoas, volto a imaginar pela segunda vez a vida daquela
primeira pessoa, pois as minhas suposições não me bastam mais. Há vezes que
fico até preocupada... Explicarei melhor: Todos nós sabemos ou deveríamos saber
as dificuldades de morar em uma favela, por exemplo, mas eu acredito que
existam particularidades de residir lá. E estas só quem mora pode saber... E eu fico curiosa para
saber também como é viver essas dificuldades e me preocupo. Não paro de pensar
como a pessoa lida com isso, como é o emocional dela, será que ela tem alguém
para conversar?A família dela como será?
Penso que gostaria de passar uma semana
acompanhando cada um dos meus personagens, pelos quais eu vou me interessando
pelas ruas, nos jornais e nas fotografias. Aquela criança que parecia triste, a
mulher com o rosto cansado, o índio, uma família honesta moradora de uma favela
carioca, uma família que mora em uma daquelas casinhas que quando viajamos
vemos no meio do nada, uma pessoa que sofre preconceito, uma jovem mãe, uma
família sem luz elétrica, uma adolescente de família tradicional indiana, uma
mulher ou homem que chamamos “do lar” e tantos outros.
E pensando bem e acho absurdo não termos interesse
ou curiosidade por realidades diferentes, além de aprendermos com elas devemos
nos importar com as dificuldades das pessoas que as vezes não é nem um terço da
nossa, dar valor aquela pessoa que é muito mais forte do que nós achávamos que
éramos. Se eu vivesse a vida dessas pessoas nem que por um dia eu ia ser alguém
melhor e teria tantas perguntas de como ela se sente diante da vida... Mas no
fim eu poderia dizer: Te entendo.
Mas enquanto eu não posso, vou imaginando e me
perguntando. Porque assim como diz a Elisa Lucinda: não vou ser boba de perder
essa oportunidade!
Um comentário:
Toda a energia de uma mente jovem serpenteia em palavras bem arranjadas, expressando curiosidade, vontade, poder, querer. Vá em frente, Duda. Nós agradecemos. Beijos, Lucia Deborah
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